No ano letivo 2014/2015, somos a sala H da Escola Básica Nuno Álvares em Carregal do Sal!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mas afinal...Quem manda lá em casa?????

Armanda Zenhas Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica de Professores, pela Universidade do Minho. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, e concluiu o curso do Magistério Primário (Porto). É PQND do 3.º grupo da Escola EB 2,3 de Leça da Palmeira e autora de livros na área da educação. É também mãe de dois filhos e escreveu este artigo deveras pertinente que todos os pais deveriam ler. Quem manda lá em casa?
Armanda Zenhas 2010-02-10 Há décadas atrás, poder-se-ia responder à pergunta "Quem manda lá em casa?" com o provérbio "Quem dá o pão, dá o pau." Achava-se então que umas valentes palmadas ou até o cinto eram indispensáveis para haver disciplina. Hoje em dia os castigos corporais são muito criticados e até condenados. No entanto a questão mantém-se pertinente: "Quem manda lá em casa?". É comum ouvir-se dizer que hoje as crianças e os jovens não obedecem a ninguém e não têm regras. Se assim é, estaremos no pólo oposto ao tempo do "pão" e do "pau", em que eles não tinham voz e tinham que obedecer cegamente. O que acontece é que há diversas formas de educar e nem todas as famílias são iguais. Poderemos distinguir basicamente três estilos de educação pelos pais, tendo em conta a relação educativa, a comunicação, o afecto e o controlo. Cada estilo acarreta diferentes consequências para o desenvolvimento dos filhos. Estilo autoritário
Os pais impõem as regras de forma rígida e não negociada e exigem uma obediência total. Se os filhos não obedecem, são punidos, podendo os castigos ser físicos. São frequentes as ameaças (Ex.: Se não arrumas o quarto depressa, tiro-te... apanhas...não tens festa de anos.") e afirmações depreciativas (Ex.: "És teimoso como uma porta.", "Não prestas mesmo para nada, nem isto sabes fazer direito."). A comunicação é deficitária, pois as crianças e os jovens sentem-se intimidados face aos pais, não os considerando acessíveis para com eles trocarem ideias, esclarecerem dúvidas ou manifestarem preocupações. Na verdade, os pais agem de acordo com as suas próprias necessidades e não tendo em conta as dos filhos, usando de violência e arbitrariedade. Estilo permissivo
Nestas famílias não há regras, embora possam existir relações afectivas positivas. Nestes casos os pais são "amigos" e consentem praticamente tudo. Muitos pensam conquistar desta forma o afecto dos filhos, outros fá-lo-ão porque o tempo em conjunto é tão pouco, que não o querem "estragar" com "discussões" que sempre surgem quando se pretende fazer valer uma regra não do agrado dos mais novos. Uma variante deste estilo são os pais negligentes, que também não definem regras, mas, por acréscimo, mantêm com as crianças e os jovens uma comunicação e relações afectivas muito deficitárias. Trata-se de famílias em que os filhos vivem entregues a si próprios, muitas vezes até ao nível da satisfação das necessidades mais básicas. Estilo democrático
Nestas famílias existem regras, mas são explicadas aos filhos e, muitas vezes, objecto de negociação. Os mais novos são responsabilizados pelo cumprimento das normas e são estabelecidas consequências para o seu cumprimento ou para o seu incumprimento. Há uma comunicação positiva, que permite a negociação das normas a seguir e que encoraja a partilha de ideias e a expressão de dúvidas, de receios e de sentimentos.
As crianças provenientes de famílias autoritárias tendem a tornar-se mais inseguras, a ter baixa auto-estima, a serem mais agressivas e a terem mais dificuldade a nível da responsabilidade e do comportamento sociais. As crianças oriundas de famílias permissivas tornam-se também pouco autónomas, pouco assertivas e com dificuldade em assumir responsabilidades sociais, sendo a situação mais grave quando provêm de famílias negligentes. Entre outras consequências negativas, podem surgir as seguintes: indisciplina na escola, por falta de hábito de obediência a regras, e baixa tolerância à frustração. Com efeito, as crianças crescem com todos os seus desejos satisfeitos, sem nunca ouvirem um "não". As crianças que crescem em famílias democráticas são as que encontram condições mais favoráveis a um desenvolvimento emocional e comportamental saudável. Conseguem resistir melhor a experiências negativas e adaptar-se com mais facilidade às situações e às diferentes relações sociais. Em jeito de conclusão, poder-se-ia dizer que afinal o provérbio inicialmente citado deveria sofrer uma transformação para se adequar a uma melhor educação: "Quem dá o pão, dá a razão." Para desenvolver "razão", é preciso crescer num ambiente estruturado, com regras, sendo estas explicadas e/ou negociadas, aprendendo-se gradualmente que a vida em sociedade assim o exige aos diferentes níveis; num ambiente com comunicação positiva e afecto. Assim se vão interiorizando e compreendendo as regras de participação cívica numa sociedade democrática. Assim se cresce sentindo-se amado e respeitado e aprendendo a amar e a respeitar. Bibliografia: Sprinthall, N. A., & Sprinthall, R. C. (1993). Psicologia educacional. Lisboa: McGraw-Hill.
Tomei conhecimento deste texto através do Educ@naWeb

Sem comentários: